Pesquisa de impacto e satisfação entre pessoas atendidas pelo Ateliê TRANSmoras
UX aplicado a pesquisa e análise de impacto.
O desafio
O Ateliê TRANSmoras possui 10 anos de história e trabalha com a comunidade LGBTQIAPN+, especialmente pessoas trans e travestis. Além de seus resultados diretos, agora desejam pesquisar o impacto de seus projetos na vida das pessoas participantes. Essa pesquisa deve orientar os caminhos a seguir, potencializando resultados e fornecendo material inspirador ao pitch a doares.
Quais são os melhores resultados alcançados pelo Ateliê TRANSmoras?
O cenário atual
Cerca de 84% da população LGBTQIAPN+ tem renda familiar enquadrada nas faixas C, D ou E. Em média, as pessoas LGBTQIAPN+ têm um nível educacional mais alto do que os homens heterossexuais cisgêneros.
Contudo, os indicadores socioeconômicos não refletem essa vantagem educacional, sugerindo que esse esforço de compensação frente à exclusão imposta pela sociedade ainda não se traduz adequadamente em melhores condições socioeconômicas.
Outro aspecto preocupante é a questão da saúde mental. A população LGBT enfrenta índices mais elevados de violência, desigualdade socioeconômica e discriminação, o que acarreta em impactos negativos na saúde física e mental. Estudos indicam que pessoas LGBT têm maiores índices de depressão, destacando a urgência de ações para mitigar esse cenário.
...pessoas trans relataram 25 vezes mais episódios de agressões sexuais em comparação a homens cisgênero.
Giancarlo Spizzirri
Diante desses dados estatísticos alarmantes, é inegável que o trabalho do ATM é de suma importância para promover a inclusão, o respeito e a igualdade para a população LGBTQIAPN+, especialmente trans e travestis. São mais de 10 anos criando ajuntamentos de pessoas trans que produzem moda, arte e negócios. Neste relatório, apresentaremos uma pesquisa com análise de impacto social das ações e programas desenvolvidos.
Objetivo do projeto
Pesquisar sobre o impacto pós-ATM na vida das pessoas no longo prazo. Para o ATM poder balizar o planejamento futuro, bem como em caso de impacto positivo consistente, agregar novos elementos para pitch junto a doadores.
Benchmarking
Realizamos um benchmarking para coletar as melhores práticas, entre algumas grandes organizações não governamentais. Foram analisados seus relatórios para ver quais dados elas buscam e apresentam.
Também permite que vejamos suas similaridades e seus diferenciais, que possam vir a somar em futuros relatórios e análises do ATM.
Pesquisa quantitativa
O critério de seleção para envio da pesquisa foi a pessoa já ter participado de algum projeto do ATM. Ela foi enviada para a base de contatos do público-alvo e obteve 20 respostas.
Foi escolhido utilizar um questionário quantitativo, para trazer uma primeira base de dados. Sendo a primeira pesquisa realizada com as pessoas participantes, precisávamos validar as suposições e trazer mais respostas para as nossas dúvidas.
O questionário possuía 20 perguntas de múltipla escolha e 1 pergunta aberta dando espaço para novos possíveis vieses que essas pessoas quisessem compartilhar. As perguntas eram em torno das 4 dúvidas para descobrir onde está o maior impacto da organização.
- Após o Ateliê TRANSmoras, essa pessoa teve um aumento de renda advindo dos ofícios que aprendeu?
- Após o Ateliê TRANSmoras, essa pessoa passou a frequentar feiras, exposições e exibições de arte com mais frequência?
- Após o Ateliê TRANSmoras, essa pessoa aumentou sua consciência crítica sobre seu lugar na sociedade e passou a advogar por mudanças e direitos em seus contextos.
- Após o Ateliê TRANSmoras, essa pessoa teve mais vocabulário e referências para questionar sua própria identidade de gênero?
Para poder iniciar uma coleta de dados demográficos documentados do público atingido, iniciamos com algumas perguntas sobre ele.
Embora a pergunta de gênero muitas vezes possa não ser relevante em uma pesquisa, neste caso acreditamos ser importante ter esses dados documentados no caso do ATM. A população trans e travesti passa pelos maiores desafios no Brasil, e a ong trabalha principalmente ajudando esta população 50%, e 25% que se identifica como não binária.
- 70% do público tem faixa etária de entre 20 e 30 anos.
- 50% são pessoas negras.
hipóteses não confirmadas
Após o Ateliê TRANSmoras, essa pessoa aumentou sua consciência crítica sobre seu lugar na sociedade e passou a advogar por mudanças e direitos em seus contextos.
Hipótese não confirmada: As pessoas atendidas pelo ATM já são politizadas (85%) desde antes da experiência com o projeto, mas acreditam que a experiência aumenta suas possibilidades de ação.
Após participar de projetos com o Ateliê TRANSmoras, essa pessoa passou a frequentar feiras, exposições e exibições de arte com mais frequência?
Hipótese não confirmada: 75% já frequentava estes espaços e manteve seu comportamento.
hipótese parcialmente confirmada
Após o Ateliê TRANSmoras, essa pessoa teve mais vocabulário e referências para questionar sua própria identidade de gênero?
Hipótese parcialmente confirmada: Metade do público afirma que já tinha profundo conhecimento anteriormente em relação a sua própria identidade de gênero. Mesmo assim, as participantes afirmam que:
- 45% acredita que já tinha conhecimento mas a experiência com o ATM passou a compreender melhor.
- 85% perceberam que sua autoconfiança e empoderamento aumentaram após participar do projeto.
- 80% passou a falar em espaços que antes evitaria.
TRANSvivi uma nova vida. ATM me ensinou generosamente VIVER , me ensina, fundamenta minhas escolhas, confirma meu corpo positivo atuante, existindo e bicha.
Participante A
hipótese confirmada
Após participar de projetos com o Ateliê TRANSmoras, essa pessoa teve um aumento de renda advindo dos ofícios que aprendeu conosco?
76,9%
perceberam aumento de renda advindo dos ofícios aprendidos com o projeto.
69%
seguem trabalhando com materiais de resíduos e colaborando com o meio ambiente em alinhamento com a ODS 12 da ONU.
47%
seguem empreendendo com o ofício aprendido com o Ateliê TRANSmoras.
Foi na investigação relacionada a empreendedorismo, negócios e rendimentos que tivemos a hipótese de maior impacto confirmada. Além dos dados mostrados acima tivemos mais informações relevantes, que apresentamos a seguir:
- Em relação às pessoas participantes que são empreendedoras, 38,5% formalizaram sua empresa após participação no projeto.
- 50% teve experiências profissionais sendo contratadas para exercerem atividades relacionadas ao projeto em que participaram.
- 30% tiveram experiência empreendendo.
- 30% que ainda não estão trabalhando já se sentem preparadas para o mercado de trabalho.
- 80% acredita que o ATM ajuda a melhorar a qualidade de vida das pessoas trans e travestis.
Idéias para Próximos Passos e Insights
- Seguir realizando questionários ao final de todos os projetos, para sempre crescer sua base de dados.
- Produzir um Dashboard para estudo aprofundado da pesquisa.
- Com o estudo aprofundado aplicar a técnica How might we, para saber mais exatamente os projetos de maior impacto e menos esforço.
- Adicionar e relacionar nos relatórios e apresentações as ODS atendidas
- Aprofundar as pesquisas em cima da hipótese confirmada e seu contexto.
- Criar e apresentar seu SROI.
Com um excelente NPS 80 concluímos esta pesquisa com o seguinte depoimento:
Sem críticas, o projeto é incrível, desejo prosperidade e mais articulações.
Participante B